Hoje, 19 de fevereiro, um mestre da arquitetura brasileira completa 86 anos. Severiano Porto, conhecido como “arquiteto da floresta” ou “arquiteto da Amazônia” foi o responsável por conceber um modelo único de arquitetura amazônica, que mescla técnicas locais com estratégias que atentam ao rigor do clima e à economia de meios.
Nascido em Uberlândia em 1930, aos cinco anos de idade Severiano muda-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1954 forma-se pela Faculdade Nacional de Arquitetura – FNA, da Universidade do Brasil.
Em 1963 viaja a turismo para Manaus. Dois anos mais tarde é convidado pelo então governador do Estado do Amazonas, Arthur Cezar Ferreira Reis, a realizar a reforma do palácio do governo, 1965, e o projeto da Assembléia Legislativa do Estado, 1965 – obras que acabam por não se concretizar. No período em que permanece na capital amazonense, Severiano recebe outras encomendas de projetos e então se muda para Manaus.
Seu escritório no Rio de Janeiro permanece sob a coordenação de seu sócio Mário Emílio Ribeiro, colega de turma na FNA e coautor de importantes projetos como o Estádio Vivaldo Lima (1965) e o Campus da Universidade do Amazonas (1970 - 1980), ambos construídos no Amazonas.
Em Manaus elabora um caderno de encargos, com os engenheiros Sérgio S. Machado e Milber Guedes, para assegurar que as construtoras cumpram os prazos e as especificações técnicas conforme o projeto e os dispositivos legais estabelecidos. A iniciativa inédita no Estado é rapidamente assimilada pelo governo.
O conjunto de sua obra foi premiado em 1985 pela Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires. Em 1987 é reconhecido internacionalmente, sendo eleito o homem do ano pela revista francesa L'Architecture d'Aujourd'hui. A parceria entre Severiano e Mário Ribeiro é, também, amplamente reconhecida, tanto que ambos receberam o prêmio Personalidade do Ano em 1986 pelo IAB carioca.
Entre 1972 e 1998, Severiano exerce a função de professor de arquitetura e urbanismo na Faculdade de Tecnologia da Universidade do Amazonas. Em 2003 retorna ao Rio de Janeiro e transfere seu escritório para Niterói, onde passa a morar.
A obra de Severiano Porto, sobretudo os projetos desenvolvidos em Manaus, é marcada pela presença de um regionalismo eco-eficiente, no sentido de uma “aplicação sempre renovada dos princípios de conveniência e economia tradicionais” da cultura local amazonense.
Uma anedota que mostra um pouco do espírito de Severiano é a história de seu carro que trazia em destaque um adesivo do IAB com a frase “a natureza cria, o arquiteto transforma”. Contestando a afirmação, o arquiteto rasurou severamente a palavra “transforma”, sobrepondo a ela o termo “INTEGRA”. Para Severiano Porto, o arquiteto integra.